Por que você não pode fazer cócegas em você mesmo?
Você já tentou fazer cócegas em si mesmo? Provavelmente, você não se desmanchou em risadas ou sentiu arrepios incontroláveis. Curiosamente, o segredo por trás desse fenômeno intrigante está profundamente enraizado em nossos cérebros.
Vamos começar. Imagine que você está sentado com um amigo. Ele estende a mão e toca levemente a parte de trás do seu braço ou na sola do seu pé, e você de repente começa a rir, tentando afastar a mão dele. Mas, momentos depois, quando você tenta recriar essa mesma sensação em si mesmo? Nada. É um pouco estranho, certo?
Para começar, precisamos entender o que realmente são as cócegas. Em sua essência, fazer cócegas é uma sensação que nosso cérebro processa em duas partes principais. Primeiro, temos o córtex somatossensorial. Pense nisso como o centro de controle da percepção do toque. Ele diz o que você está sentindo e onde. Depois, temos o córtex cingulado anterior, que lida com o aspecto do prazer. É o que nos faz rir quando somos tocados no lugar certo.
Agora, aqui a coisa fica ainda mais intrigante. Você sabia que existem dois tipos de cócegas? Temos o gargalesis e o knismesis. O gargalesis é como o campeão dos pesos pesados das cócegas; é intenso e pode levar a risadas e contorções. Por outro lado, o knismesis é sutil – como um fio da sua camisa roçando suavemente sua pele, fazendo você se arrepiar.
E embora muitos de nós associem cócegas com alegria, risadas e brincadeiras de infância, não é necessariamente uma sensação agradável para todos. Alguns acham bastante desagradável. No entanto, a reação é frequentemente risada, como se ouvisse uma piada fantástica. É uma mistura curiosa de prazer e desconforto.
Então, com todo esse conhecimento sobre cócegas, voltemos ao nosso dilema original: Por que não funciona fazer cócegas em nós mesmos? A resposta está em uma parte do nosso cérebro chamada cerebelo. Esse pequeno astro é responsável pelo controle motor e, como se vê, tem um dom de previsão.
A questão é que o cerebelo está sempre um passo à frente. Ele tem a habilidade impressionante de prever sensações causadas por nossos próprios movimentos. Quando alguém nos faz cócegas, nosso cérebro é pego de surpresa. Ele não viu aquelas cócegas chegando! Então, reage com todas as risadas e contorções. No entanto, quando tentamos o mesmo conosco, nosso cerebelo está muito à frente. Ele prevê a sensação, alerta o cérebro e efetivamente cancela a resposta usual. Em essência, porque o cérebro sabe o que está por vir, ele basicamente diz ao resto do nosso corpo: “Aqui não tem nada para ver!”
Pense nas cócegas como um sistema de alerta. Seu principal objetivo é nos informar quando algo – ou alguém – está tocando áreas sensíveis como os pés, as costas ou as axilas. No entanto, quando o cérebro conhece a fonte do toque – neste caso, nós mesmos – ele não vê necessidade de soar os alarmes.
Em conclusão, a natureza proativa do nosso cérebro é a principal razão pela qual fazer cócegas em nós mesmos não funciona. Está sempre um passo à frente, garantindo que estamos seguros e no controle. Portanto, embora possa ser um pouco decepcionante que não possamos nos fazer rir com cócegas, é incrível ver o quão sofisticado é nosso cérebro. Da próxima vez que você tentar fazer cócegas em si mesmo e nada acontecer, faça um aceno para o seu cerebelo sempre atento. Ele está apenas fazendo seu trabalho.