Intrigante: os corpos petrificados de Pompeia não são o que você pensa
Veja também: Cientistas querem fundir inteligência artificial com cérebro humano
Você já ouviu a cativante história dos corpos de pedra de Pompeia? Os trágicos restos de pessoas antigas aparentemente transformadas em pedra por uma violenta erupção vulcânica? Bem, fique à vontade, porque há uma reviravolta nessa história que pode te surpreender!
Do Apocalipse à Atração
Vamos voltar um pouco no tempo. Imagine: final de outubro, 79 d.C. Pompeia, uma próspera cidade turística, estava prestes a enfrentar sua hora mais sombria. O Monte Vesúvio, o ameaçador vulcão a apenas oito quilômetros de distância, entrou em erupção. A cidade, outrora vibrante, foi submersa sob uma mistura mortal de gás superaquecido, rocha derretida e cinzas.
Avançando para os dias de hoje, o cenário mudou drasticamente. Pompeia transformou-se de uma cidade de terror para uma atração turística movimentada. Todos os anos, impressionantes 2,5 milhões de visitantes vêm aqui, muitos atraídos pelos infames “corpos de pedra” – aquelas almas pobres que aparentemente não conseguiram escapar a tempo.
Mas aqui é onde as coisas ficam interessantes. Aqueles icônicos corpos de pedra? Eles não são exatamente o que você pensa.
Desmistificando o Mito
Contrariamente à comovente imagem de lava derretida endurecendo ao redor de suas vítimas, selando-as para sempre em pedra, essa não é toda a história. Na verdade, se você tivesse visitado Pompeia antes de 1800, não teria visto esses corpos.
Mary Beard, renomada professora de Clássicos na Universidade de Cambridge, esclareceu esse enigma em 2012. Ela esclareceu à BBC: “Eles não são realmente corpos.” Chocante, certo? Na realidade, esses “corpos” nasceram de uma técnica arqueológica genial que remonta aos anos 1860.
O Estalo Genial
Escavações históricas em Pompeia começaram já no final do século XVI. No entanto, foi durante o século XIX, sob o olhar atento do arqueólogo Giuseppe Fiorelli, que as coisas tomaram um rumo curioso. Enquanto os escavadores peneiravam camadas de cinzas e detritos, eles se depararam com cavidades peculiares, algumas até contendo restos esqueléticos.
Então, o que exatamente eram esses espaços estranhos? Eram impressões. Esses vazios na lava representavam as últimas posições dos cidadãos de Pompeia. À medida que o material vulcânico quente cobria os mortos, ele solidificava ao redor deles. Com o tempo, à medida que a carne e as roupas se decomponham, deixava-se um vazio, capturando o trágico momento da morte.
Num momento de eureka, alguém percebeu que ao derramar gesso Paris nesses vazios, poderia produzir uma réplica exata da alma perdida. Mary Beard descreve isso brilhantemente: “Mas é apenas uma réplica – mais um ‘anti-corpo’ do que um corpo real.”
Agora, você pode se perguntar, ainda estamos usando a mesma técnica antiga? Não exatamente. À medida que a tecnologia avançou, incorporamos métodos como tomografias 3D-CT para aprofundar os aspectos humanos desses moldes, conforme mencionado por Pier Paolo Petrone, antropólogo da Universidade de Nápoles, em 2017.
Mas, curiosamente, quando se trata de fazer novos moldes, permanecemos bastante fiéis ao método de Fiorelli dos anos 1860. Embora às vezes uma resina epóxi transparente moderna seja usada, a mistura tradicional de gesso ainda é a campeã. Ela é imbatível na captura dessas réplicas assustadoramente perfeitas.
O Quadro Maior
Em essência, aqueles corpos petrificados de Pompeia que imaginamos? Eles são mais arte moderna do que artefato antigo. E aqui vai outro detalhe: podemos recriar essas figuras quantas vezes quisermos! Isso é bastante afortunado, especialmente considerando as inúmeras bombas que choveram sobre Pompeia durante a Segunda Guerra Mundial, eliminando muitas reconstruções do século XX.
Refletindo sobre a tumultuada história do local, Mary Beard expressou-se de forma eloquente: “Partes do que vemos agora são uma reconstrução de uma reconstrução”. Ela é rápida em apontar que isso não se trata de engano. Em vez disso, a Pompeia moderna é uma bela colaboração entre os antigos construtores romanos e os conservadores e reconstrutores de hoje.
No final das contas, os moldes de corpos de Pompeia servem como um lembrete pungente do trágico passado da cidade, mesmo que não sejam o que parecem à primeira vista. Sua presença, autêntica ou replicada, ainda evoca uma profunda resposta emocional, conectando-nos com um momento congelado no tempo.
Então, da próxima vez que ouvir falar sobre os corpos de pedra de Pompeia ou planejar uma visita, lembre-se da verdadeira história por trás dessas figuras cativantes. É uma mistura de tragédia antiga, inovação moderna e o eterno poder da narrativa. E essa combinação não é tão fascinante?