5 palavras para entender a guerra

5 palavras para entender a guerra

O conflito Israel-Palestina é profundamente enraizado na história, e suas implicações reverberaram globalmente. Para realmente compreender as complexidades desta disputa geopolítica, há cinco palavras ou termos com os quais você deve se familiarizar. Vamos explorá-los.

Palestina

Começamos com a Palestina. Contrariamente a algumas crenças, a Palestina não é oficialmente reconhecida como um estado independente. A busca por seu reconhecimento internacional advém de um passado tumultuado marcado pelo imperialismo do século XX. Legalmente, é referida como um estado de jure, ou seja, reconhecido, mas sem poder sobre seu território ou governo. Esse estado reivindica terras como a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, destacadas nos Acordos de Armistício de 1949 após a guerra árabe-israelense.

Para compreender a dinâmica na Palestina, é essencial um olhar histórico. Voltemos ao século XVI, quando o Império Otomano dominava a região. Esse domínio acabou com a Primeira Guerra Mundial. Depois da guerra, em 1922, a Liga das Nações deu à Grã-Bretanha o mandato sobre a Palestina. O objetivo britânico? Estabelecer uma pátria para a população judaica, uma decisão ecoando os sentimentos da Declaração Balfour de 1917. Porém, o que muitas vezes foi negligenciado foi a significativa comunidade árabe, totalizando cerca de 800.000, já residindo lá.

Israel

A seguir, temos Israel. Para entender completamente, precisamos viajar ainda mais no tempo. Imagine a região da Palestina em 63 a.C. Durante este período, a tomada do Império Romano levou à diáspora judaica – uma dispersão em massa de indivíduos judeus. Depois disso, a comunidade judaica se espalhou pela Europa, Rússia e EUA. Suas experiências variaram por região, mas um traço comum foi o preconceito e a perseguição que frequentemente enfrentaram.

Desse conflito surgiu o sionismo. Já ouviu falar? É um movimento defendendo a criação de um estado judeu na histórica “Terra de Israel”. O nome sionismo deriva de “Sião”, um dos nomes bíblicos de Jerusalém. E quando a Declaração Balfour mostrou apoio ao sionismo, desencadeou um alvoroço palestino. Muitos palestinos sentiram que a declaração negligenciava sua presença e direitos.

Os horrores do Holocausto intensificaram ainda mais a busca por um estado judeu. Em um movimento histórico, o Comitê Especial das Nações Unidas sobre a Palestina (UNSCOP) reconheceu os laços históricos da comunidade judaica com a Palestina em 1947. E, enquanto o mandato britânico se aproximava do fim, em 14 de maio de 1948, foi feita a declaração do Estado de Israel, marcando um momento crucial na história. No entanto, vale ressaltar que essa decisão não foi universalmente aplaudida, especialmente pelas nações árabes.

Hamas

Provavelmente você já ouviu falar do Hamas em discussões contemporâneas. Mas qual é a história por trás? Com negociações de paz estagnadas e recorrentes infrações aos direitos palestinos, não é surpresa que ideologias extremistas tenham encontrado terreno fértil. Surgiu o Hamas. Fundado em meio à Primeira Intifada (um levante palestino) em dezembro de 1987, este grupo tinha uma visão singular – desafiar a existência de Israel e estabelecer um estado palestino islâmico.

Inicialmente, suas táticas eram fortemente voltadas para a resistência armada. Mas com o tempo, sua influência expandiu, assumindo uma tonalidade mais política. Um ponto de virada foi sua vitória nas eleições legislativas palestinas de 2006, após o qual passaram a dominar a Faixa de Gaza.

Porém, um aviso: equiparar todos os palestinos ao Hamas é uma simplificação excessiva. Como apontado pelo especialista Uriã Fancelli, isso é como rotular todo afegão como membro da Al-Qaeda. É essencial diferenciar um grupo militante da população civil em geral.

Faixa de Gaza

Vamos nos concentrar agora na Faixa de Gaza. Esta estreita faixa, delimitada por Israel, Egito e o Mar Mediterrâneo, abriga mais de 2 milhões de residentes. Um destaque histórico é a captura de Gaza por Israel do Egito durante a Guerra dos Seis Dias em 1967. Avançando para 2005, o controle foi entregue aos palestinos. No entanto, dois anos depois, com a vitória eleitoral do Hamas, a paisagem mudou novamente.

As condições de vida em Gaza têm sido desafiadoras, para dizer o mínimo. Restrições de Israel e Egito sufocaram o movimento de até mesmo necessidades básicas como alimentos e medicamentos. A ONU afirma que impressionantes 80% da população dependem de ajuda internacional, e um milhão deles depende de assistência alimentar diária.

O recente ataque do Hamas, apoiado pelo Irã, teve implicações geopolíticas subjacentes. Este movimento visava impedir a Arábia Saudita de estabelecer laços diplomáticos com Israel, isolando ainda mais palestinos e iranianos.

Estados Unidos

Por fim, o papel dos Estados Unidos não pode ser ignorado. Desde 1949, o vínculo EUA-Israel tem sido robusto em vários domínios, da segurança ao comércio. No entanto, essa aliança não foi sem suas controvérsias. Um exemplo notável é o uso pelos EUA de seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para proteger Israel de potenciais sanções.

Em 2017, uma decisão audaciosa foi tomada. O presidente Donald Trump transferiu a embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém, reconhecendo-a assim como a capital de Israel. As reverberações dessa decisão foram profundamente sentidas, desencadeando um levante palestino. Por quê? Porque para os palestinos, Jerusalém Oriental abriga o sonho de ser a capital de seu futuro estado.

Esta visão geral histórica pinta um quadro complexo, repleto de dinâmicas nuances. O envolvimento de vários stakeholders, de comunidades locais a potências internacionais, torna o conflito Israel-Palestina uma questão multifacetada que continua a moldar a geopolítica global.

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